quinta-feira, 26 de junho de 2008

UM OLHAR DO GRUPO DE ESTUDO SOBRE DIDÁTICA DA MATEMÁTICA

UM OLHAR DO GRUPO DE ESTUDO SOBRE DIDÁTICA DA MATEMÁTICA
Izolda Strentzke (org.);Eliane Aparecida Martins de Almeida; Elisandra Cristina Gonzáles; Fernando Henrique Castilheri de Lima; Gisselda Mattana; Jarbas Sales Batista Santiago; Mirta Grisel Garcia de Kehler e
Sônia Gonçalina Pereira

Em nosso grupo de estudo, realizamos reflexões a respeito de nossa profissão que servem de motivo propulsor para novos desafios. Como professores de Matemática, estamos inseridos num grupo que, muitas vezes, é colocado num pedestal pela sociedade. Muitos dizem que fazemos parte de uma elite pensante. Isto é motivo de orgulho para uns e tristeza para outros. Afinal, que elite é esta que desde a institucionalização da escola, encarrega – se de manter a vanguarda nos índices de fracasso escolar?
Na educação matemática tem se discutido cada vez mais a necessidade de melhorar o ensino de matemática. Faz se, então necessário entender a trajetória do saber matemático que são as transformações por que passam os conteúdos da educação matemática, conhecimentos esses que permitem compreender a realidade e operar sobre ela, funcionando como instrumento para o desenvolvimento e a socialização dos sujeitos.
Inseridas neste contexto, devem estar as atuais práticas pedagógicas, sem perder de vista suas conexões com um horizonte amplo, a respeito da educação que é o ensino-aprendizagem dos alunos.
Nessa perspectiva deve-se abordar a pratica pedagógica, sem perder de vista suas conexões com o horizonte mais amplo da educação que é a aprendizagem.O conhecimento cientifico (saber) não pode ser simplesmente transmitido aos alunos, pois esse saber é produção histórica da humanidade na busca de resoluções de problemas. Dessa maneira, é papel do educador transformar o conhecimento cientifico e adequá-lo as necessidades do aluno. A transposição didática é um caso peculiar de transposição de saberes no sentido de progresso das idéias visando à validação dos mesmos no seu contexto, assim como a aprendizagem acontece sob influencia de uma transposição.Isso pode ser entendido como uma ponte que liga o saber cientifico e a matemática que o aluno é capaz de aprender. Neste aspecto a educação tem como objetivo a aprendizagem, a compreensão dos conceitos trabalhados e não caracterizar-se como algo obscuro e sem significado.Temos que ter clareza de que nenhum conceito surge sem a existência de um precedente, na medida em que percebe relações entre novos conteúdos e conhecimentos já assimilados.O desafio está em cultivar um ensino de matemática reflexiva. Começamos propondo situações que os auxiliem a relacionar elementos envolvidos e a refletir sobre suas idéias ligadas a essa situação, garantindo um processo, no qual a compreensão de idéias e de conceitos é privilegiada para dar-lhes a possibilidade de construir seu conhecimento, e aos poucos, aprendendo a aprender.É importante salientar que a situação didática proposta deve possibilitar ao aluno resolver problemas, isto é, a partir de situações do cotidiano. É preciso buscar problemas que permitam mais de uma solução, que valorizem a criatividade e admitam estratégias pessoais de pesquisa, valorizando o raciocínio lógico e argumentativo do aluno. O professor deve buscar oportunidades de colocar a criança diante de um conceito matemático. Em suma tal conceito vai servir como instrumento para resolver as questões envolvidas na situação.
O professor ao estabelecer como eixos os conhecimentos relativos ao processo de aprendizagem dos alunos e as situações didáticas necessárias para que esses se apropriem dos conhecimentos, o sistema seletivo resulta não só na escolha de conteúdos, como também na definição de valores, objetivos e métodos , que conduzem ao sistema de ensino.
Sabe-se que por muito tempo diversas criações didáticas surgiram para tentar viabilizar uma aprendizagem mais fácil. Porém o problema surge ao se apresentar alguns conteúdos como verdadeiras criações didáticas incorporadas aos programas, desvinculada de sua finalidade principal, motivadas apenas por supostas necessidades do ensino, servindo somente como recurso para facilitar a aprendizagem. Consequentemente muitas vezes o objeto de estudo passa a ser estudado por si só, sem nenhuma aplicação compreensível ao aluno. Trata-se do costume didático, ou seja, ações, hábitos, valores presentes e interpretados como obrigatórios, cuja validade é preservada por valores implícitos.Ainda hoje, o saber escolar representa o conjunto dos conteúdos previstos na estrutura curricular das varias disciplinas escolares valorizadas no contexto da história da educação, porém estes conteúdos se apresentam a partir do currículo flexível e não como conteúdo desvinculado do contexto e linearmente aprendido, é essencial que os conteúdos façam sentido para os alunos.
Para isso, a apresentação do conteúdo deve ocorrer de maneira significativa para o aluno, vinculando-o com a realidade, buscando um campo de significado do saber. (como?)
De acordo com experiências de alguns professores (relatados no GEPEM[1]), os educadores sentem dificuldades em fazer a transposição didática pois vêem a Matemática como uma ciência fechada produzida por alguns gênios, não tinham medo de errar.... Isso é conseqüência da formação acadêmica inadequada que não atende as reais necessidades da escola que é um espaço da construção do conhecimento.
Muito há que se aprender sobre o tempo didático e o tempo de aprendizagem, pois existe uma crença de que a aprendizagem é sempre seqüencial, lógica, puramente racional e organizada através de uma lista de conteúdos. Devemos compreender melhor as dificuldades do aluno, redimensionar o ensino e propiciar novas condições de aprendizagem que ofereçam apoio a atividade do aluno e oportunidade para que ele aprofunde seus estudo. Assim o saber científico é validado e o saber escolar está sob o controle de um conjunto de regras que condiciona as relações entre professor, aluno e saber.
O tempo de aprendizagem para nós é aquele vinculado com rupturas e conflitos do conhecimento, exigindo permanente reorganização de informações que caracteriza o ato de aprender.Assim como a aplicação de uma teoria deslocada perde seu significado, também é preciso que o professor esteja atento à interpretação pedagógica, isto é, estabelecer uma vigilância didática constante que deve estar ancorada tanto nos saberes científico e na concepção educacional.
A resolução de problemas é a máquina propulsora do saber escolar da matemática, pois sempre faz submergir uma relação entre o que já sabe e o novo conhecimento. Daí, para acontecer à aprendizagem, é necessário à superação das contradições inerentes a essa didática.
Além disso, refletir sobre a não existência de um único caminho para o ensino de um conceito ou idéia matemática. Também é importante conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula para que o professor construa sua prática. Uma vez que o indesejável é a redução do ensino a uma única fonte de referencia, o que reduz o significado do conteúdo estudado.
Todas as vezes que ensinamos certo conteúdo de matemática, é necessário indagar qual foi o contexto de sua origem e quais são os valores que justificam sua presença atual no currículo escolar,na perspectiva da valorização do conteúdo. O desafio didático consiste em fazer essa contextualização, sem reduzir o significado das idéias matemáticas que deram origem ao saber ensinado.Já que a didática conduz os trabalhos escolares para uma conciliação entre os pólos da teoria e da experiência e o saber escolar serve pra modificar o estatuto dos saberes que o aluno já aprendeu nas situações do mundo da vida.
Então compete à didática a tarefa de persistir na pesquisa de estratégias que possam levar o aluno a vivenciar mais criatividade, autonomia e produção da estruturação progressiva dos conceitos.
[1] GEPEM – Grupo de Estudo e Pesquisa de Educação Matemática – Centro de Atualização dos Profissionais da Educação Básica..

Ciclo de Palestras

Ciclo de Palestras - Ciências da Educação - ICET/UFMT- Auditório Quimica.